DIÁRIO CATARINENSE
Indústria, comércio, portos e agronegócio de SC têm efeitos da greve dos caminhoneiros
A greve dos caminhoneiros autônomos trouxe efeito em cadeia nos principais setores produtivos de Santa Catarina. A falta de distribuição de comida nos supermercados deve se intensificar, podendo faltar frutas, legumes e verduras ainda nesta quinta-feira. Além disso, o bloqueio da chegada da ração no campo acendeu o alerta para produtores e empresários, que precisaram suspender atividades. Confira a seguir a projeção dos principais setores econômicos de SC para os próximos dias, caso se confirme a tendência de a paralisação continuar.
Indústria
Greve reforça ambiente de incerteza
Dificuldade em conseguir cumprir contratos de exportação, produção estocada nas próprias fábricas ou parada dentro de caminhões nos bloqueios das rodovias catarinenses. Essa é a realidade da maioria das indústrias catarinenses após o início da greve dos caminhoneiros autônomos. Ainda sem conseguir mensurar o custo do prejuízo no setor, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, ressalta que, além dos prejuízos financeiros, a paralisação tira a credibilidade que o importador tem nas empresas catarinense:
— Para o importador é indiferente o que acontece no país. Ele quer receber os produtos no prazo acordado. De maneira geral, isso também impacta no mercado interno. As empresas não têm condições de escoar a produção e, se a greve continuar, vão acabar parando de produzir por falta de espaço nos estoques.
Conforme Côrte, outro ponto que poderá ser afetado pela paralisação do transporte terrestre é o setor público, que teria queda de receita e de arrecadação dos tributos, afetando o orçamento do Estado e dos municípios. Além disso, ele complementa, manifestações como essa ainda agravam o ambiente de incertezas políticas e econômicas, que já existia e ficou ainda mais em evidência ao longo de abril e maio
— O término da greve não significa que a economia vai reagir no momento seguinte. O processo de retomada de produção é muito mais lento do que o de parada. O governo não antecipou isso, não iniciou um processo de negociação com a categoria. O critério que a Petrobras adotou com o repasse diário de preço tira qualquer previsibilidade quanto ao preço dos fretes. Muitas vezes o combustível aumenta quando a carga já está no caminhão, e isso é um custo que não tem como ser ressarcido — analisa.
Por fim, Côrte acredita que o governo está sendo lento para negociar um acordo com os transportadores. A Fiesc ingressou com uma ação na Justiça Federal para tentar impedir o bloqueio de caminhões que transportam produtos de indústrias associadas para a entidade, especialmente cargas de produtos perecíveis, como carnes e leite, além de produtos essenciais, como remédios.
Agronegócio
Aves, suínos e leite são os mais prejudicados
Ainda tentando contornar os efeitos do embargo da exportação de carnes, o agronegócio catarinense enfrenta mais um momento de dificuldades. Empresas e produtores foram forçados a suspender as atividades no fim desta semana para evitar o desperdício e também por causa do espaço para armazenamento.
A Cooperativa Central Aurora anunciou que, de hoje até amanhã, sete indústrias de aves e oito de suíno em quatro Estados, incluindo SC, estarão inoperantes. Em Santa Catarina, as unidades de aves e suínos afetadas são as de Chapecó, Guatambu, São Miguel do Oeste, Maravilha, Quilombo, Xaxim, Joaçaba e Abelardo Luz.
O mesmo ocorreu com a JBS, que paralisou ontem o abate de bois, frangos e porcos cinco Estados, incluindo SC – nas unidades de Ipumirim e Itapiranga, no Oeste. As atividades ficarão, a princípio, paradas até esta quinta-feira. Cerca de 1,2 mil funcionários devem ficar sem trabalhar.
Pela manhã de ontem, a BRF também suspendeu as operações em quatro unidades de abate de aves e suínos, entre elas a de Campos Novos. Outras nove unidades no país também terão as atividades parcial ou totalmente paralisadas, sendo as de SC em Chapecó, Concórdia e Herval do Oeste. Por nota, a empresa afirmou que a medida foi necessária diante da “falta considerável de abastecimento de ração”, que já teria desabastecido a alimentação de “cerca de 1 milhão de animais, podendo alcançar a totalidade do plantel nos próximos dias”. (…)
Petrobras reduz o preço do diesel em 10%; preço fica congelado por 15 dias
A Petrobras informa que sua diretoria executiva, em reunião realizada na tarde desta quarta-feira, 3, decidiu reduzir em 10%, equivalente a R$ 0,2335 por litro, o valor médio do diesel comercializado em suas refinarias. Com isso, o preço médio de venda da Petrobras nas refinarias e terminais sem tributos será de R$ 2,1016 por litro a partir desta quinta-feira. Este preço será mantido inalterado por período de 15 dias. Após este prazo, a companhia retomará gradualmente sua política de preços aprovada e divulgada em 30 de junho de 2017.
Esta decisão será aplicada apenas ao diesel e tem como objetivo permitir que o governo e representantes dos caminhoneiros tenham tempo para negociar um acordo definitivo para o contexto atual de greve e, ao mesmo tempo, evitar impactos negativos para a população e para as operações da empresa.
Ex-governador Eduardo Azeredo se entrega à polícia em Minas Gerais
O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) se entregou à Polícia Civil de Minas Gerais na tarde desta quarta-feira (23). Por determinação da Justiça, ele não vai para uma prisão comum.
O tucano – condenado a 20 anos e um mês de prisão no mensalão tucano – conseguiu o direito de ficar preso em uma unidade da Polícia Militar sem a necessidade da utilização de uniforme do sistema prisional do Estado. A decisão é do juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte. A Justiça ainda proibiu o uso de algemas.
ANDERSON SILVA
MOACIR PEREIRA
NOTÍCIAS DO DIA – PONTO E CONTRAPONTO