22 e 23/11/2014

DIÁRIO CATARINENSE

INFORME ECONÔMICO – ESTELA BENETTI

Os doutores de Colombo
De volta ao Estado hoje após tratar problema cardíaco no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o governador Raimundo Colombo deverá concentrar atenção na definição das mudanças do primeiro escalão do seu governo. Uma situação inédita em SC é que dos 15 secretários de Estado atuais, seis têm doutorado, o que qualifica a gestão.
Airton Spies, da Agricultura, é doutor em Economia dos Recursos Naturais pela Universidade de Queensland, Austrália; Antonio Gavazzoni, da Fazenda, cursou doutorado em Direito Público na UFSC; o secretário de Educação, Eduardo Deschamps, doutorou-se em Engenharia Elétrica pela UFSC; o Procurador-Geral do Estado, João dos Passos Martins, tem doutorado e pós-doutorado em Direito também pela UFSC; Lucia Dellagnelo, do Desenvolvimento Econômico, é doutora em Educação e Desenvolvimento Humano pela Universidade de Harvard, EUA; e Murilo Flores, do Planejamento, cursou doutorado em Sociologia com foco em Desenvolvimento Sustentável na UFSC.
Diante do enorme desafio de colocar o Estado numa rota de desenvolvimento compatível com o Primeiro Mundo para termos uma economia que gere mais renda, impostos e qualidade de vida, seria mais prudente não mexer em líderes que estão atuando com êxito nesse caminho. Como foi reeleito, Colombo pode se dar ao luxo de compor um governo com mais técnicos, acomodando aliados políticos em pastas que não afetem projetos já encaminhados e outros que precisam ser implantados. Nesse quadro, os doutores podem seguir contribuindo. Além da economia, SC precisa avançar muito na educação, saúde e segurança.

DIÁRIO CATARINENSE

Ave de Rapina – O que o futuro reserva à operação
Polícia Federal conclui inquérito e pede o indiciamento de 26 pessoas por envolvimento em suposto esquema de fraudes. Não estão descartados novos desdobramentos, como prisões e depoimentos. Agora material vai para as mãos do Ministério Público, que avaliará se apresenta ou não denúncias à Justiça
A Polícia Federal concluiu a primeira parte das investigações da Operação Ave de Rapina, ontem, e enviou o material dividido ao Ministério Público. A ideia é que tramitem dois inquéritos, um sobre as supostas fraudes no Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) e o outro em torno das irregularidades que teriam ocorrido por meio da Fundação Franklin de Cascaes e o pagamento pela alteração de projetos de lei na Câmara de Vereadores. Ao todo são 26 pessoas indiciadas. Não estão descartados novos desdobramentos, como depoimentos e prisões.
– O rescaldo da operação gerará novas investigações – garantiu o delegado Allan Dias.
Ontem foi cumprido o último mandado de prisão da operação, do empresário Adriano Nunes. Ele estava no exterior e foi levado à Central de Triagem do Complexo da Agronômica, assim que chegou à Capital. Para o mesmo local foram trazidos os funcionários da Kopp Tecnologia Fabiano Barreto e Décio Stangherlin, que estavam presos no Rio Grande do Sul. A PF indiciou três pessoas a mais além das já citadas no dia da operação, em 12 de novembro. Ele disse que são dois funcionários públicos e um empresário, mas não quis identificar as pessoas.
O delegado da operação disse que os inquéritos pedem o indiciamento dos envolvidos por formação de crime organizado, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude em licitações e advocacia administrativa.

A rotina dentro da prisão
Detidos há 11 dias pela Polícia Federal passaram pelos mesmos processos dos presos que ingressam no sistema prisional catarinense: cabelo raspado, alimentação restrita e sem visitas de familiares por 15 dias
Três refeições por dia, sem banho de sol e sem visitas. Os 11 presos em Florianópolis na Ave de Rapina da Polícia Federal completam hoje o 11o dia na mesma cela, no Complexo Prisional, no bairro Agronômica.
Na sexta-feira à tarde se juntaram a eles Décio Stangherlin, executivo da Kopp Tecnologia e Fabiano Barreto, funcionário da mesma empresa. Os dois presos no Rio Grande do Sul no dia que a operação foi deflagrada foram transferidos de Porto Alegre para a capital catarinense. Ainda se juntou a eles Adriano Nunes – empresário foragido que foi preso pela PF no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis.
Nos primeiros 15 dias de adaptação não recebem visitas e só saem da cela para conversar com o advogado. Mesmo entre tantas restrições a movimentação é intensa, na porta do complexo prisional, que registra um entra e sai de advogados. Alguns deles tem até mais de um defensor.
De cabelos cortados com máquina número um e uniforme laranja, os 14 presos dormem em treliches, em uma das celas da Central de Triagem.
A tensão marcou os primeiros dias. O choque de realidade foi mais visível em alguns dos novos detentos que apresentaram sinais de queda de pressão e disenteria.
Advogados são único contato
Na alimentação, o vereador Marcos Aurélio Spíndola, o Badeko, os ex-servidores da prefeitura e empresários presos recebem uma dieta de 2,2 mil calorias por dia. No café da manhã: pão com margarina, café e leite. No almoço: arroz, feijão, carne moída e salada. Na janta: arroz, purê de batata e frango.
O advogado da empresa Focalle, João de Nadal, que tem acesso a José Norberto D’agostini e José Dagostini Neto detidos no complexo da Agronômica, visitou os empresários na última quinta feira.
Ele comenta que logo que foi decretada a prisão, pediu a revogação, mas foi negada e agora aguarda o encaminhamento do inquérito para tomar novas providências.
– Eles estão serenos, apesar de tudo. Estão mantendo a expectativa de que as coisas vão melhorar – observou o defensor.

MOACIR PEREIRA

Na ponta
A renovação do quadro da Epagri atingiu as áreas de pesquisa e extensão. Dos 181 novos profissionais, 33 são doutores. O ingresso faz parte do diagnóstico da consultoria Roland Berger, que apontou a necessidade de reforçar as estruturas da estatal, reduzindo a parte administrativa. O programa de demissão feito em 2013 teve adesão de 718 profissionais da Epagri.

CACAU MENEZES

Punição dos maçons
Os grão-mestres da Maçonaria da Grande Loja de Santa Catarina, usando da competência privativa conferida pelo artigo 5o da Constituição, como também à vista do que dispõem os subitens 1.1.5, 1.1.16 e 1.1.32 do Manual de Cargos e Funções, e considerando o envolvimento, com contundentes indícios de participação, de Obreiros desta Potência na denominada Operação Ave de Rapina, recentemente deflagrada pela Polícia Federal no Estado, conforme citação de seu nome na investigação que apura extenso esquema de ilicitudes no âmbito da Prefeitura Municipal de Florianópolis e da Câmara de Vereadores desta Capital e diante da lisura e a coerência que devem nortear suas atitudes enquanto Construtores Sociais, mormente no que se refere à fiel observância dos princípios basilares da Ordem Maçônica, e à luz do que apregoam na permanente campanha de combate à corrupção e à impunidade; resolveram suspender, temporária e preventivamente, os direitos maçônicos do vereador César Luiz Belloni Faria. Que vergonha!

COLUNA PAULO ALCEU

Estratégia
Não dá para negar que a contestação vinda da Associação dos advogados Criminalistas sobre a Vara do Crime Organizado, pode estar embasada numa estratégia de defesa. O presidente da AACRIMESC, Hélio Brasil, representa três envolvidos na operação Ave de Rapina. Nada mais conveniente do que levantar suspeições sobre a legalidade da Vara criada por Resolução e não por lei. Até por que é responsável pela investigação que envolveu os vereadores de Florianópolis. A OAB vem estudando e analisando essa situação, há praticamente dois meses, mas sem a finalidade de pedir anulações de processos.