DIÁRIO CATARINENSE
A segunda fuga constrangedora
Nove detentos burlam a segurança do Presídio Masculino da Capital e fogem. Ao todo, 22 já escaparam da unidade em dois meses. Estado lamenta e culpa os prefeitos por recusarem novas cadeias
Cavar um buraco com as mãos, esgueirar-se na caixa de esgoto, pular o muro e sair correndo pela movimentada Rua Delminda da Silveira, área residencial de Florianópolis. Dentro das galerias e fora, na guarita externa, ninguém percebeu e nove detentos protagonizaram mais uma fuga, a segunda em menos de dois meses. Tiros chegaram a ser disparados para o alto da unidade na tentativa sem sucesso de pará-los.
O palco da cena que se repete é o Presídio Masculino da Capital, junto ao complexo prisional da Agronômica. Com a estrutura defasada, superlotado e poucos agentes, o velho cadeião cada vez mais se torna sinônimo de um barril de pólvora para os agentes penitenciários e a região. Desde o dia 29 de dezembro, já são 22 os que conseguiram fugir praticamente pela porta da frente (ou lateral) e com poucas dificuldades.
O governo do Estado promete há uma década desativar a área, transferindo os mais de 2 mil detentos para novas prisões que seriam construídas – uma em Imaruí, no Sul de SC, e outra em São José. A Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC) não conseguiu começar as construções porque as duas cidades rejeitam receber as obras. Os impasses estão na Justiça e por enquanto não há medida de imediato que possa garantir o fim das fugas.
Visivelmente constrangido, o secretário-adjunto da Justiça e Cidadania, Leandro Lima, afirmou que uma sindicância foi aberta e em seguida voltou a lamentar a recusa dos prefeitos da região que não aceitam presídios em seus municípios. O caso mais pontual é o de São José, responsável por 27% dos presos da Grande Florianópolis, que não conta com nenhuma cela e rejeita receber uma Central de Triagem regional com 407 vagas.
– Vamos reforçar a segurança deslocando agentes da operação presença para o presídio de Florianópolis, mas isso não vai se resolver enquanto os prefeitos não aceitarem uma nova prisão – declarou o secretário.
A Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB-SC) acompanha a situação do Presídio Masculino de Florianópolis e, após mais uma fuga, classifica a estrutura do prédio como “inaceitável” para garantir a segurança da população. O presidente da Comissão de Assuntos Prisionais da entidade, Victor da Luz Fontes, reforça a declaração da Secretaria da Justiça e Cidadania sobre a necessidade de construir novas prisões:
— No nosso entendimento, a Grande Florianópolis precisa de um novo estabelecimento prisional. Esse tipo de fuga reflete o que já tínhamos constatado em 2014, que são as questões de superlotação e precariedade da atual construção.
Família decide fazer análise independente da morte de Jango
Instituto pretende chamar especialistas na área de toxicologia para aprofundar estudos sobre laudo e tetranitrato de eritritol, substância que pode ou não estar relacionada a remédio que ex-presidente tomava
A família do ex-presidente João Goulart, o Jango, iniciará, desta vez de forma independente, um novo processo de análise sobre as condições da morte do líder trabalhista em dezembro 1976, na Argentina, quando estava no exílio.
Embora as autoridades não tenham divulgado, os exames feitos em laboratórios internacionais, após o processo de exumação, apontaram a presença de uma substância nos restos mortais de Jango: trata-se do tetranitrato de eritritol, um componente químico explosivo.
Em 1º de dezembro de 2014, a Secretaria dos Direitos Humanos divulgou laudo técnico que não indicava sinais de envenenamento do ex-presidente. Nenhuma substância, segundo o comunicado, havia sido encontrada. A morte de Jango teria ocorrido por causas naturais. Apesar disso, sob o argumento de que a passagem de quase quatro décadas pode ter apagado vestígios, não foi desconsiderada completamente a hipótese de assassinato.
MOACIR PEREIRA
O retorno
O governador Raimundo Colombo continua nos Estados Unidos e só retornará a Santa Catarina no dia 21 de fevereiro. A viagem agora é de caráter particular, informa a Secom. Colombo foi visitar o ex-secretário Ubiratan Rezende, que trabalha no Texas, e depois vai descansar. Três assessores retornaram no sábado de Carnaval.
COLUNA RAÚL SARTORI
No vermelho
Levantamento feito pela “Folha de S. Paulo” mostra que 17 dos 27 governadores publicaram nas últimas semanas balanços financeiros mostrando que suas contas fecharam o ano passado no vermelho, ou seja, suas receitas foram insuficientes para cobrir as despesas com pessoal, custeio administrativo, programas sociais e investimentos. SC está entre os deficitários. Suas contas no ano passado (receita menos despesa, excluindo juros) apresentaram um saldo negativo de R$ 654 milhões. Daí a necessidade premente de reduzir custos, porque a oferta de crédito nos bancos federais e os repasses do Tesouro Nacional para obras tendem a minguar, e as receitas continuarão sofrendo com a crise econômica.