DIÁRIO CATARINENSE
Ex-diretor da Petrobras poderá depor à CPI em sessão fechada
Parlamentares analisam cláusula de confidencialidade da delação de Paulo Roberto Costa, que denunciou esquema de corrupção na estatal
Após fazer acordo de delação premiada e revelar nomes de supostos envolvidos em um esquema de corrupção na Petrobras, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa vai depor às 14h de quarta-feira na CPI Mista da Petrobras no Congresso.
A dúvida é se a sessão será aberta ou fechada. Membros da comissão ainda avaliam o caso, em função da cláusula de confidencialidade do acordo de delação premiada. A definição, no entanto, só deve sair horas antes de o ex-diretor se apresentar.
O Ministério Público Federal (MPF) é contra a ida dele à CPI. Mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki disse, na sexta-feira, que não há impedimentos para que o delator compareça à sessão, desde que asseguradas “suas garantias”.
No Congresso, Costa deverá ser bombardeado por deputados e senadores aliados e da oposição, mas é pouco provável que detalhe o suposto pagamento de propina na estatal. Poderá, inclusive, ficar em silêncio, uma vez que não pode produzir provas contra si.
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem não ter nenhuma expectativa nem preocupação:
– Acho que este é o tipo da decisão que o Executivo não deve se meter – destacou a presidente
Em princípio, o ex-diretor deve evitar polêmicas, já que espera deixar a cadeia nesta semana. A decisão de liberá-lo da prisão preventiva cabe ao ministro Teori. Se for aceita, Costa passaria a ser monitorado à distância, usando uma tornozeleira eletrônica.
Especula-se que liberdade faz parte do acordo firmado com o MPF. Na delação, o ex-diretor também teria aberto mão do dinheiro ilegal que mandou para o Exterior – pelo menos US$ 23 milhões estão bloqueados na Suíça.
MOACIR PEREIRA
Curtas
Ada Filomeno Fontes, ex-primeira dama de Florianópolis, faleceu no fim de semana.Foi uma das principais colaboradoras de projetos sociais desde o tempo de dona Kyrana, esposa do governador Jorge Lacerda.
Júlio Doin Vieira
Será cremado hoje, as 8h, em Balneário Camboriú, o corpo do professor e médico oftalmologista Júlio Doin Vieira. Durante décadas atuou como médico credenciado no Detran e lecionou na Faculdade de Medicina da UFSC. Nos últimos anos dedicou-se à pesquisas intensas. Publicou livro inédito sobre Dicionário de Termos Árabes da Língua Portuguesa. Deixou com a Unisul o Dicionário de Termos Indígenas, também singular. Irmão do ex-deputado Eugênio Doin Vieira e tio do ex-governador Paulo Afonso Vieira.
COLUNA RAÚL SARTORI
Injustiça revoltante
Por anos, alguns milhares de professores da rede pública de SC lutaram para incorporar aos salários uma reles gratificação de apenas R$ 100. Por isso revolta saber que na surdina, incorporações de valores dezenas de vezes maior, privilegiaram, desde 2011, servidores, já com salários lá em cima, do Tribunal de Contas, pela lei complementar 496; do Poder Judiciário, pela lei 15.318, e da Assembleia Legislativa, pela resolução 009. Privilégio sem nenhum amparo legal que agora, servidores do Ministério Público estão pleiteando também. E o Legislativo, por “questão de justiça”, vai aprovar, lógico. Pobres professores. Pobres e otários contribuintes, que financiam estes descalabros.
Uma fortuna
Na ida ao Supremo Tribunal Federal, quinta-feira, para tentar tirar dos escaninhos a ação sobre a divisão dos royalties da exploração de petróleo com o Paraná, o governador em exercício, Nelson Schaefer Martins, foi informado que nos últimos 23 anos de pendência judicial o vizinho Estado embolsou R$ 600 milhões, em valores sem atualização. Se perder, o Paraná tem que repassar o valor para SC, devidamente atualizado.