Publicado em 4 de outubro de 2017
Suicídio de reitor da UFSC inflama polêmica sobre prisões pela PF
‘Decretei minha morte no dia da minha prisão’, diz bilhete deixado por Luiz Carlos Cancellier de Olivo; entidades como a OAB e políticos veem abuso na ação
O suicídio do reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, 60 anos, na segunda-feira, ampliou a polêmica em torno das práticas adotadas em operações contra a corrupção. Entidades do mundo jurídico e acadêmico, além de políticos, criticaram a prática do Ministério Público Federal e da Polícia Federal de pedir a prisão de suspeitos com base em indícios de crimes.
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O procurador-geral de Santa Catarina, João dos Passos Martins Neto, disse que é necessária a apuração das responsabilidades civis, criminais e administrativas das autoridades policiais e judiciárias envolvidas na prisão do reitor. “As informações disponíveis indicam que Cancellier padeceu sob o abuso de autoridade, seja em relação ao decreto de prisão temporária contra si expedido, seja em relação à imposição de afastamento do exercício do mandato, causas eficientes do dano psicológico que o levaram a tirar a própria vida.”
Martins Neto disse esperar que o legado de Cancellier seja o “de ter exposto ao país a perversidade de um sistema de Justiça criminal sedento de luz e fama, especializado em antecipar penas e martirizar inocentes, sob o falso pretexto de garantir a eficácia de suas investigações”.