O Globo Online (4/10/2017)

Procurador e entidades federais apontam abuso no caso do reitor da UFSC que se matou
Um dia depois de o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ser encontrado morto num shopping de Florianópolis, entidades federais emitiram nota de pesar na qual criticam um possível abuso das autoridades na condução das investigações da Operação Ouvidos Moucos, que apura suspeita de desvio de recursos dos cursos de Educação a Distância (EaD) da instituição.
O procurador-geral do Estado, João dos Passos Martins Neto, também pediu “responsabilidade civil” das autoridades judiciais e policiais pelos “danos psicológicos” que em sua visão foram causas do suicídio, como a prisão temporária e o afastamento do cargo de reitor da UFSC. Martins Neto era amigo pessoal do reitor – os dois lecionaram juntos durante décadas no curso de Direito da UFSC.
A morte de Cancillier enluta Santa Catarina pela perda de um homem digno, de poucas posses, que devotou seus últimos anos à nobre causa do ensino. (…) Que o legado do professor Cancillier seja, em meio a tantos outros, o de ter exposto ao país a perversidade de um sistema de justiça criminal sedento de luz e fama, especializado em antecipar penas e martirizar inocentes, sob o falso pretexto de garantir a eficiência de suas investigações”, escreveu o procurador-geral.
Em nota conjunta, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e a Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) lamentaram a morte do reitor e manifestaram “absoluta indignação e inconformismo com o modo como o reitor Cancellier foi tratado por autoridades públicas ante a um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado”.
Ainda no documento, as entidades dizerm ser “inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal“.