Diário Catarinense (1º/8/2015)

Lages – Opiniões divididas para salvar colégio
Governo do estado afirma que a escola Aristiliano Ramos, construída em 1936 e interditada há quatro anos, não tem valor arquitetônico que justifique manutenção. Ministério Público, Justiça e Conselho Estadual de Cultura defendem a preservação
Passados quase quatro anos da interdição da Escola de Educação Básica Aristiliano Ramos, uma das mais tradicionais de Lages, o futuro do edifício que até 2011 tinha mais de 1,3 mil alunos segue indefinido. Por liminar, a Justiça determinou que a prefeitura de Lages e o governo do Estado façam manutenção e limpeza da estrutura erguida em 1936, mas o poder público não vê mais sentido em investir e tem outro projeto para o espaço.
O Aristiliano Ramos é o primeiro representante catarinense da Escola Nova, movimento que defendia uma mudança radical no sistema educacional brasileiro na década de 1930. Em vez de prédios suntuosos e elitistas, os integrantes defendiam a simplificação dos espaços, possibilitando maior alcance à rede pública. Também foi a primeira Escola Normal laica de Lages. Por conta da deterioração, o prédio foi fechado pela Defesa Civil em dezembro de 2011 e, de lá para cá, não houve restauro nem demolição, transformando o edifício num elefante branco no centro histórico de Lages.
– Não há interesse, nem da prefeitura e nem do governo, em utilizar a estrutura. Além do custo desproporcional para fazer a restauração, é um local inadequado para um prédio público, que acabaria tumultuando ainda mais o trânsito da região – justifica o secretário de Desenvolvimento Regional de Lages, João Alberto Duarte.
Em 2013, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública pedindo a preservação, o que foi aceito pela Vara da Fazenda de Lages. Após a liminar, a Procuradoria do Estado recorreu, mas a decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça (TJ-SC). O governo voltou a recorrer e agora o processo está na 2a Câmara de Direito Público do TJ-SC.
Duarte afirma que não há estimativa do quanto foi investido para manter a estrutura desde 2011. A Secretaria do Estado da Educação já garantiu que não é possível retomar as aulas naquele espaço.